sábado, 11 de setembro de 2010

Parnasianismo

O PARNASIANISMO





Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltam para o exame e para a crítica da realidade, o Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com todos os seu ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal.

Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não em sua relação com o mundo exterior.

Se examinarmos a história da arte e da literatura, veremos que ela se constrói em ciclos. O homem está sempre rompendo com aquilo que considera ultrapassado e propondo algo ''novo''.

O Parnasianismo no Brasil, surgido na década de 80 do século XIX, ilustra bem esse processo. Depois da revolução romântica, que impôs novos parâmetros e valores artísticos, formou-se em nosso país um grupo de poetas que desejava restaurar a poesia clássica, desprezada pelos românticos.

Esses poetas, os parnasianos, achavam que certos princípios românticos, como simplicidade da linguagem, valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, sentimentalismo, tudo isso ocultara as verdadeiras qualidades da poesia. Em seu lugar propuseram, então, uma poesia objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, perfeita do ponto de vista formal e voltada para temas universais.


A ''arte pela arte''

Apesar de contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, o Parnasianismo difere profundamente de ambos. Enquanto esses dois movimentos se propunham a analisar e compreender a realidade social e humana, o Parnasianismo se distanciava da realidade e se voltava para si mesmo. Defendendo o princípio da ''arte pela arte'', os parnasianos achavam que o objetivo maior da arte não é tratar os problemas humanos e sociais, mas alcançar a ''perfeição'' em sua construção: rimas, métrica, imagens, vocabulário seleto, equilíbrio, controle das emoções, etc.


A influência clássica

A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso grego, segundo a lenda um monte da Fócida, na Grécia central, consagrado a Apolo e às musas. A escolha do nome já comprova o interesse dos parnasianos pela tradição clássica. Acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o equilíbrio que desejavam.

Contudo, a presença de elementos clássicos na poesia parnasiana não ia além de algumas referências a personagens da mitologia e de um enorme esforço de equilíbrio formal. Pode-se afirmar que o conteúdo clássico dessa arte não passava de um verniz que a revestia artificialmente e tinha por finalidade garantir-lhe prestígio entre as camadas letradas do público consumidor brasileiro.


A Batalha do Parnaso

As idéias parnasianas já vinham sendo difundidas no Brasil desde a década de 1870. No final dessa década travou-se o jornal Diário do Rio de Janeiro uma polêmica literária que reuniu, de um lado, os adeptos do Romantismo e, de outro, os adeptos do Realismo e do Parnasianismo. O saldo da polêmica, que ficou conhecida como Batalha do Parnaso, foi a ampla divulgação das idéias do Realismo e do Parnasianismo nos meios artísticos e intelectuais do país.

A primeira publicação considerada de fato parnasiana é a obra Fanfarras (1882), de Teófilo Dias. Entretanto, caberia a Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho e Francisca Júlia o papel de implantar e solidificar o movimento entre nós, bem como definir melhor os contornos de seu projeto estético.


Característica da linguagem da poesia parnasiana

Como síntese, as principais características da linguagem da poesia parnasiana podem ser esquematizadas:

Quanto a forma:

- Busca da perfeição formal
- Vocabulário culto
- Gosto pelo soneto
- Rimas raras; chaves de ouro
- Gosto pelas descrições

Quanto ao conteúdo:

- Objetivismo
- Racionalismo, contenção das emoções
- Universalismo
- Apego à tradição clássica
- Presença da mitologia greco-latina
- Arte pela arte


Tríade Parnasiana


Alberto de Oliveira, Raimundo Correira e Olavo Bilac

Olavo Bilac: o ourives da linguagem

Olavo Bilac (1865-1918) nasceu no Rio de Janeiro, estudou Medicina e Direito, mas não concluiu nenhum desses cursos. Exerceu atividades de jornalista e inspetor escolar, tendo devotado boa parte de seu trabalho e de seus escritos à educação. Foi defensor da instrução primária, da educação física e do serviço militar. Patriota, escreveu a letra do Hino à Bandeira e dedicou-se a temas de caráter histórico-nacionalista.

Sua primeira obra publicada foi Poesias (1888). Nela, o poeta já demonstrava estar plenamente identificado com as propostas do Parnasianismo, como comprova seu poema 'Profissão de fé'. Mas a concepção poética excessivamente formalista defendida por esse poema nem o próprio Bilac seguiu a risca. Vez ou outra depreende-se de seus textos certa valorização dos sentimentos que lembra o Romantismo.

Embora sua poesia nem sempre expresse uma visão profunda sobre o homem e sua condição, Bilac foi o mais jovem e o mais bem-acabado poeta parnasiano brasileiro. Seus poemas, principalmente os sonetos, apresentam uma perfeita elaboração final.


Raimundo Correia: a pesquisa da linguagem

Raimundo Correia (1860-1911), é um dos poetas que, juntamente com Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, formam a chamada ''tríade parnasiana''. Maranhese, estudou direito em São Paulo e foi magistrado em vários Estados brasileiros.

Sua poesia, dentro do movimento parnasiano, representa um momento de descontração e de investigação. Nela se verificam pelo menos três fases:

- a fase romântica: com influências de Cassimiro de Abreu e Fagundes Varela, é representada por Primeiros Sonhos (1897);

- a fase parnasiana propriamente dita: representada pela obras Sinfonias (1883) e Versos e versões (1887), é marcada pelo pessimismo de Schopenhauer - pensador alemão que defendia a idéia de que todas as dores e males do mundo provêm a vontade de viver - e por reflexões de ordem moral e social;

- a fase pré-simbolista: nela, o pessimismo diante da condição humana busca refúgio na metafísica e na religião, enquanto a linguagem apresenta uma pesquisa em musicalidade e sinestesia.


Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira (1857-1937) foi uma espécie de líder do Parnasianismo e, ao mesmo tempo, o poeta que melhor se adequou aos princípios do movimento. Sua poesia é fria e intelectualizada, com um gosto acentuado pelo preciosismo formal e lingüístico. Defendia a arte pela arte e, em vez de se interessar pela realidade brasileira, preferia buscar inspiração nos modelos clássicos que perseguia: os poetas barrocos e árcades portugueses.

Enquanto se tratavam as lutas pela Abolição e pela República, Alberto de Oliveira afirmava: "Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco importam, paz ou guerra e não leio jornais". Distante, então, dos problemas sociais, pôs-se a descrever vasos gregos e chineses.

Entre suas obras destacam-se Meridionais (1884) e Versos e rimas (1895).






Fontes: CEREJA, W.R., MAGALHÃES, T.Z. Português: Linguagens. 3. ed. ATUAL, 1999
www.micropic.com.br/noronha/liter_cr.htm


Postado por Danielle Cássia

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